sábado, 15 de dezembro de 2012

Géistória - Era: Paleozóica - Período: Câmbrico

Câmbrico 542 M.a. - 488 M.a.


O Câmbrico é o primeiro dos seis Períodos que caracterizam a Era Paleozóica do Éon Fanerozóico e está compreendido entre os 542 milhões e os 488 milhões de anos, aproximadamente.

O nome deste período deriva de Cambria, que era o nome pelo qual os habitantes do País de Gales chamavam as suas terras, onde foram encontrados os primeiros estratos rochosos deste período.

Existiam quatro continentes no Câmbrico, três pequenos mais ou menos na região entre os trópicos: Laurentia (parte central da América do Norte), Báltica (parte da Europa) e Sibéria (mesma região no oeste russo); e um super continente no sul: Gondwana. 





As rochas formadas neste período, largamente dispersas por todos os continentes, contêm o primeiro registo de formas de vida variadas e abundantes. São, na sua maioria, de origem sedimentar e apresentam deposições em mares superficiais que invadiram os continentes em grandes extensões. Alguns destes depósitos têm milhares de metros de espessura. 


O Câmbrico foi um período de reduzida actividade tectónica, representando a transição entre a fragmentação continental do final do Pré-Câmbrico e o seu crescimento no posterior Paleozóico, não existindo provas geológicas de colisões entre placas tectónicas nem de elevações montanhosas associadas. 


A análise de fósseis e dados paleomagnéticos indica que as massas terrestres estavam dispersas mas nenhuma estava localizada nas regiões polares. 

Os climas do mundo eram bem mais quentes e não havia nenhuma glaciação.

O hemisfério norte era quase totalmente coberto por um oceano colossal, ao qual os paleontólogos deram o nome de Pantalassa. Existiam ainda oceanos menores que separavam os continentes no hemisfério sul.

Deu-se uma explosão de vida, conhecida por Explosão Câmbrica. O Câmbrico é considerado o marco inicial da expansão da vida na Terra. A vida em geral era sobretudo animal e em ambiente aquático. A atmosfera terrestre alcançava 10% de oxigénio. No mar a vida era bem desenvolvida e dominada pelos artrópodes e animais simples, muitos com partes duras. A vida terrestre era muito limitada, para não dizer nula.

Embora tenha havido uma variedade de plantas marinhas macroscópicas, é geralmente aceite que não houve plantas terrestres naquela época, embora seja provável que um aglomerado microbiano compreendendo fungosalgas e, possivelmente, líquenes cobriram a terra.






No final deste período, há cerca de 488 M.a. atrás, a Terra enfrentou a primeira grande extinção em massa. As causas da extinção ainda são desconhecidas, embora muitos cientistas aceitem que o mais provável seria uma queda brusca na temperatura do planeta, dando origem à primeira glaciação do Fanerozóico, registada no Ordovícico. Há ainda outra teoria que diz que poderá ter havido uma diminuição na quantidade de oxigénio existente nos mares, o que também poderia ser uma consequência da alteração climática.

Curiosidade:

Em Portugal há registos deste período no Baixo Mondego, na Peneda Gerês e em Portalegre.




Referências:
Slides das aulas disponibilizados pelo professor.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Cambriano 
http://historiadaterra.no.sapo.pt/hist/11cam.htm
http://www.infopedia.pt/$cambrico
http://www.duiops.net/dinos/cambrico.html

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Bajociano - um Andar com muito para descobrir

Bajociano


Define-se estratótipo como uma sucessão de camadas rochosas com características bastamte específicas e evidentes, com limites bem identificados, que permitem caracterizar unidades estratigráficas padronizáveis (Andares, Séries, limites estratigráficos, etc) e que servem de referência quando comparadas com outras unidades do mesmo intervalo de tempo. (Ver mensagem: Estratótipos)

Na escala de tempo geológico o Bajociano é um Andar do Jurássico Médio, do período Jurássico, da era Mesozoica e do éon Fanerozoico. Este andar encontra-se compreendido entre os 171 milhões e 600 mil e 167 milhões e 700 mil anos atrás, aproximadamente.


O Bajociano sucede o Andar Aaleniano e precede o Andar Bathoniano.





Em 1996, o Comité Executivo da IUGS (International Union of Geological Sciences) declarou o Cabo Mondego como o mais representativo estratótipo do limiar Aaleniano-Bajociano.


Localização Geográfica do Cabo Mondego






A secção da praia da Murtinheiro, no Cabo Mondego foi a escolhida devido à forte presença e conservação de elementos fósseis (ex: pegadas de dinossauros, amonites e vegetais) nas sucessivas camadas geológicas destas falésias.



(Imagem da localização do GSSP do Andar Bajociano no Cabo Mondego)

Este estratótipo tem um domínio composto por unidades em que as alternâncias rítmicas margo-calcárias são dominantes, sendo esta formação denominada de Calcários e Margas do Cabo Mondego.


Aspectos notáveis:

  • A maioria das camadas da sequência apresenta registo fóssil.
  • Algumas camadas apresentam marcas de bioturbação.
  • Observa-se uma alternância rítmica entre as camadas de calcário e margas cinzentas.
  • Através da análise da sucessão é possível reconhecer ambientes de transição no Cabo Mondego.
  • As camadas não apresentam perturbações de natureza tectónica, metamórfica ou vulcânica.

Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bajociano
http://palaeos.com/mesozoic/jurassic/bajocian.htm#Introduction
http://www.cienciaviva.pt/veraocv/geologia/geo2002/materiais/geo3.PDF
http://www.stratigraphy.org/column.php?id=GSSPs [International Comission of Stratigrafy. (2008). GSSPs]

quarta-feira, 14 de novembro de 2012

Estratótipos

Estratótipo: Define-se estratótipo como uma sucessão de camadas rochosas com características bastante específicas e evidentes, com limites bem identificados, que permitem caracterizar unidades estratigráficas padronizáveis (Andares, Séries, limites estratigráficos, etc) e que servem de referência quando comparadas com outras unidades do mesmo intervalo de tempo.

Estratótipos simples: Os estratótipos simples possuem um único corte ou secção estratigráfica.

Estratótipos compostos: Os estratótipos compostos são formadas pela combinação de vários intervalos de secções estratigráficas, que definem as unidades estratigráficas de classificação inferior à unidade definida no estratótipo composto.




Insuficiências mais comuns dos estratótipos:


- Caracterizarem intervalos temporais muito breves e, muitas vezes, incaracterísticos do desenvolvimento filogénico de certos organismos.
- Apenas apresentarem determinadas fácies.
- Caracterizarem apenas determinada província paleobiogeográfica.
- Serem caracterizados por conjuntos demasiados restritos de organismos.




Estratótipos
(Elaborado por Beatriz Lopes Maio)


Referências:
Vera Torres, J. A. (1994) - "Estratigrafia. Principio y Métodos", Ed. Rueda, Madrid, 802 p.
Slides das aulas disponibilizados pelo professor.



sexta-feira, 2 de novembro de 2012

História da Estratigrafia




Nicholas Steno (1638-1689) foi o primeiro a definir um estrato como unidade de tempo, sendo este limitado por superfícies horizontais com continuidade lateal. Aparecendo então o tão conhecido Princípio da Sobreposição, o Príncipio da Continuidade Lateral dos Estratos e o Princípio da Horizontalidade Inicial. Estabelecendo assim a base teórica da estratigrafia.






Mais tarde, desde o século XVIII até ao início do século XIX, William Smith faz as primeiras aplicações práticas feitas a grande escala com a primeira elaboração de colunas estratigráficas, subdivididas em unidades de rochas, individualizadas com base nas características litológicas e no conteúdo paleontológico.




Em 1913, realiza-se o primeiro tratado de Estratigrafia e foi também nesta data que a Estratigrafia se tornou uma ciência independente da Geologia.

A partir de 1917, a aplicação de métodos radiométricos possibilitam a obtenção de datações absolutas de rochas, o que permitiu o cálculo da duração de intervalos de tempo geológico com base em fósseis.

Entre as duas guerras mundiais (1920-1940) deu-se um grande desenvolvimento na prospecção petrolífera. Houve uma notável expansão dos aspectos litostratigráficos e deu-se ainda um importante avanço no conhecimento das geometrias dos corpos sedimentares e estratificados.

Mais recentemente foram publicados vários tratados e manuais que reflectem as transformações conceptuais da Estratigrafia moderna.



(Elaborado por Beatriz Lopes Maio)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Princípios Fundamentais da Estratigrafia

Princípio do Uniformitarismo
  • Postulado por Hutton e desenvolvido por Lyell, refere que os processos que decorreram ao longo da história da Terra foram uniformes e semelhantes aos que ocorrem actualmente. No entanto, há que considerar que os processos naturais que ocorreram no planeta não são totalmente uniformes, nem quanto à intensidade nem quanto ao ritmo. E, por outro lado, esses processos englobam fenómenos de natureza não repetível, como é o caso da transformação de muitos organismos de acordo com as teorias da evolução, que se processou de forma linear, ou seja, não cíclica.


Princípio da Sobreposição de Estratos
  • Proposto primeiramente por Steno e desenvolvido posteriormente por Lehmann, estabelece que, numa sequência não deformada de rochas, os estratos mais antigos são os que se situam por baixo na série e os mais recentes são os que se situam por cima.


Princípio da Intersecção
  • Toda a estrutura geológica que atravesse outra é mais recente do que a que é atravessada. (Ex: falhas, superfícies erosivas, intrusões ígneas, …)




Princípio da Inclusão
  • Se um fragmento de uma rocha A está contido numa rocha B, então a rocha B é mais recente que a rocha A. (ex: conglomerados, brechas, ...)




Princípio da Identidade Paleontológica
  • Estabelecido por Smith e desenvolvido por Cuvier, consiste em admitir que, em cada intervalo de tempo da história geológica, os organismos que então existiram e fossilização, foram únicos e diferentes entre si e diferentes dos que encontramos actualmente. Portanto, este princípio permite estabelecer  correlações entre materiais de uma mesma idade mas de contextos geográficos distantes, uma vez que muitos organismos tiveram uma distribuição geográfica praticamente mundial. Diz-se então que, se dois estratos apresentarem igual conteúdo fossilífero, têm a mesma idade.




Princípios Fundamentais da Estratigrafia
(Elaborado por Beatriz Lopes Maio)

Referências:
Vera Torres, J. A. (1994) - "Estratigrafia. Principio y Métodos", Ed. Rueda, Madrid, 802 p.

domingo, 14 de outubro de 2012

Estratigrafia - Definição



Estratigrafia
(Elaborado por Beatriz Lopes Maio)

Referências:
Vera Torres, J. A. (1994) - "Estratigrafia. Principio y Métodos", Ed. Rueda, Madrid, 802 p.
Slides das aulas disponibilizados pelo professor.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Estratigrafia (em Português)
http://en.wikipedia.org/wiki/Stratigraphy (em Inglês)

O planeta Terra

Se este é um blogue sobre o planeta Terra, fenómenos que nele ocorrem e a forma como esse fenómenos são estudados, então faz todo o sentido fazer uma pequena e leve introdução a este pequeno (grande) Planeta.

A Terra é o terceiro planeta mais próximo do Sol, o mais denso e o quinto maior dos oito planetas do Sistema Solar. É também o maior dos quatro planetas telúricos.

Por vezes é designada como Mundo ou Planeta Azul.

Com uma idade estimada em 4.600 milhões de anos (M.a.), a Terra é o único corpo celeste onde é conhecida a existência de vida.

A sua superfície exterior está dividida em vários segmentos rígidos, chamados placas tectónicas, que estão em constante migração sobre a superfície terrestre há milhões de anos. 

Segundo se sabe, a Terra é o único planeta com tectónica de placas activa.

Cerca de 71% da superfície da Terra está coberta por oceanos de água salgada, consistindo o restante em continentes e ilhas, os quais contêm muitos lagos e outros corpos de água que contribuem para a hidrosfera. Não se conhece a existência de água no estado líquido em equilíbrio, necessária à manutenção da vida como a conhecemos, na superfície de qualquer outro planeta.

O nosso planeta é considerado um sistema fechado. As trocas de energia dão-se ao nível da radiação solar e da reflexão de (parte) desta pela superfície terrestre e para o espaço. Em termos de massa, não são movidas grandes massas entre a Terra e o Espaço.
Considera-se que a Terra é um sistema fechado dividido em quatro subsistemas que interagem entre si:

  • Geosfera - constituída pela crosta terreste, pelo manto e pelo núcleo.
  • Hidrosfera - relativa à agua existente em todo o planeta.
  • Biosfera - o conjunto de todos os seres vivos.
  • Atmosfera - a camada de gases que envolve a superfície terreste.



Referências:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Terra